Compulsão alimentar: o que é?
O Binge eating ou perturbação da ingestão alimentar compulsiva é caracterizado por episódios de ingestão de uma quantidade de comida que é definitivamente maior do que a maioria das pessoas comeria, no mesmo período de tempo e sob as mesmas condições. Adicionalmente, existe a sensação de falta de controlo ao longo do episódio de ingestão compulsiva.
Independentemente de estes episódios acontecerem de forma suficientemente frequente para ser considerado um diagnóstico clínico, a ingestão alimentar compulsiva tem sido associada com problemas físicos e psicológicos, tais como maior risco para obesidade e doenças crónicas associadas, insónia, problemas gastrointestinais, baixa auto-estima e perturbações de ansiedade, entre outros.
Alguns estudos têm demonstrado que, para além de outras variáveis importantes, como dietas rígidas, a principal razão para as pessoas comerem de forma compulsiva, é para reduzir estados emocionais negativos. Por exemplo, pessoas que acreditam que comer reduz os seus sentimentos de stress, são mais susceptíveis a adoptar padrões alimentares descontrolados, do que as que não associam comer a redução de emoções negativas.
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A presença e severidade da compulsão alimentar tem sido associada a comer para lidar com sentimentos de raiva/frustração, ansiedade e depressão.
Aliás, alguma evidência científica sugere que a sensibilidade à ansiedade – medo de sentir ansiedade ou sensações relacionadas – está implicada na ingestão alimentar compulsiva, porque esta tem, por vezes, a função de regulação emocional, ainda que seja uma estratégia não adaptativa.
Como prevenir a compulsão alimentar?
No entanto, a atividade física tem sido identificada como podendo mediar esta relação, sendo que os indivíduos com maior sensibilidade à ansiedade mas que são fisicamente ativos, parecem relatar menos problemas psicológicos, comparativamente aos que são menos ativos fisicamente. Devido aos efeitos na redução de emoções negativas, a atividade física regular pode ajudar a reduzir a relação entre stress e ingestão alimentar compulsiva.
Somos um todo e não conseguimos separar a nossa parte física da parte psicológica, por mais que às vezes gostássemos de o conseguir fazer. É importante olharmos (com olhos de ver) para os nossos comportamentos e percebermos o que nos está a levar a agir de determinada forma e quando as estratégias que encontrámos não estão a ser adaptativas.
Referências: Deboer LB, Tart CD, Presnell KE, Powers MB, Baldwin AS, Smits JA. Physical activity as a moderator of the association between anxiety sensitivity and binge eating. Eat Behav. 2012;13(3):194-201. doi:10.1016/j.eatbeh.2012.01.009.